domingo, 30 de dezembro de 2007

tempo de antena

Na sua análise da semana, Luís Calisto afirma que o tempo de antena do PS foi de uma qualidade "de fugir". Não explicou o seu comentário. Afinal não importava, está já na hora de dizer mal, de atacar. Má qualidade porquê? Por ser diferente ou por se aproximar dos cidadãos? Ou será porque denuncia o regime?
E os tempos de antena do PSD, sempre com a mesma cara sem ponta de graça são de uma qualidade de perseguir? Sempre o mesmo milho, o mesmo milho, o mesmo milho? Usque quando?

mais um

Luís Filipe Menezes diz, sobre a reacção de alguns ministros à sua posição acerca lideranças da banca, que as declarações que lhe foram dirigidas são «algo a que, em 30 anos» nunca assistiu «do ponto de vista de má educação, de insulto, de insolência e de arrogância intolerável numa democracia em que todos nos devemos respeitar uns aos outros».
O Ministro das Finanças comparou-o a um caçador impreparado, que atira para todos os lados. Vejam lá que insulto!
E o homem diz isto na Madeira, onde o Presidente do Governo enxovalha todos os líderes da oposição e a generalidade dos seus adversários políticos. Ah, mas estamos na Madeira, onde se tornou normal dizer todas as asneiradas, que ninguém leva a mal, porque se vive um Carnaval eterno.

sábado, 29 de dezembro de 2007

dedo na ferida

Mais uma vez João Carlos Gouveia coloca o dedo nas feridas. Numa eloquente entrevista ao "Diário", separa as águas, afirmando que os 30 anos de poder de AJJ também correspondem aos mesmos 30 anos de abdicação de combate e denúncia de um regime totalitário com postura separatista.
Acusa o Governo Regional de ter caminhado cegamente para um beco sem saída, devido ao ideal separatista de alguns (e à cultura do enriquecimento fácil à conta desse ideal, direi eu). Há muito que o Governo deixou de governar, ou os madeirenses ainda descortinam medidas concretas deste Governo, que só faz como os bebés: chora quando não tem a mama, ou como as crianças mais crescidinhas: bate com os pés, faz birra e ameaça que assim não gosta mais dos papás.
Por outro lado, diz claramente que a situação política regional serve os interesses de poder do Partido Socialista no plano nacional, já que AJJ e o PSD na Madeira são os maus exemplos políticos a apresentar ao eleitorado do País. A generalidade dos dirigentes do PS-Madeira anteriores a esta Direcção perceberam alguma coisa disto mas nunca tiveram a coragem de se libertar do "síndroma Jorge Campinos".

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Granada

Na noite de Natal o convívio foi extremamente gratificante, com gente diversa e conversas agradáveis, regadas com bom vinho da terra, no Arco de São Jorge. Quando falámos de Espanha, recordei Granada e os seus encantos, que não se resumem a Alhambra. Então lembrei que, como tantos outros locais e seres, amei o nome dessa cidade antes de a ver. Porque significava a romã e seus "granos" de intenso vermelho? Ou pela literatura, neste caso concreto, através desse grande poeta madeirense chamado A. J. Vieira de Freitas, que abria o seu livro habitar o tempo com o poema "Granada"?
áspero lume a neve intacta
visão azul ou fragor de orvalho
invenção de junho
cisterna de evasão
- que nome darei às plantas
imersas na água
que nome darei às pedras
onde dorme Federico?
o sangue vibra
no calor da ferida
que Espanha abriu...
áspero lume a neve intacta
visão azul ou fragor de orvalho.
A.J.Vieira de Freitas

sábado, 22 de dezembro de 2007

Gaula versus Santa Cruz

Tenho a nítida impressão de que Nazário Coelho falou do Secretariado Regional do Partido Socialista, que não lhe deu o apoio devido, para não ferir susceptibilidades em relação a outro secretariado. Só pode ser, ou então vivo noutro planeta.

Música de Natal

O mais irritante nesta época natalícia é a denominada música de Natal a tocar em todo o lado.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Nada disto é política, mas aquilo que---

Óscar Teixeira colabora há muitos anos com Vítor Freitas e há alguns com Jaime Leandro. Depois de ter cessado o seu vínculo laboral como assessor volta-se contra eles. Antes, nos lugares próprios nunca os atacou nem denunciou os seus jogos maquiavélicos, mas agora que cessou o seu vínculo laboral como assessor acusa-os em praça pública. Será preciso explicar mais alguma coisa? Ah, só que nada disto é política, mas aquilo que todos notam.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Boas férias

Boas férias, Nefertiti, e feliz Natal. Os que gostam de ti sentirão a tua falta e a paz e tranquilidade que transmites. Eu também.

Baptista Bastos

Baptista Bastos atravessou o fascismo como jornalista e escritor contra aquele regime, viveu e escreveu sempre de forma mordaz e directa nestes quase 33 anos de Democracia e nunca foi processado, até que um autocrata que alguns até dizem admirar "pela sua frontalidade", ou "pela forma sui generis de estar na política" ou "pelo seu modo peculiar e específico" o decide processar, do alto da sua quinta.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Um homem que cita Manuel Alegre...

Um homem daqueles a citar Manuel Alegre!...
Um homem que esteve ao lado do Estado Novo a citar Manuel Alegre!...
Um homem que esteve ao lado do colonialismo ao lado de Manuel Alegre!...
Um homem que esteve e está visceralmente contra a Liberdade e a Democracia a citar Manuel Alegre!...
Um homem que usa e abusa do Poder pessoal há mais de trinta anos a citar Manuel Alegre!...
Um homem que persegue adversários políticos e que desrespeita as regras de relacionamento democrático a citar Manuel Alegre!...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Outro Guterres dava um jeitinho

O PSD-Madeira e o Governo Regional continua a atribuir a Sócrates todos os males e todas as suas incapacidades próprias.Parece querer fazer esquecer que as eleições em Maio foram convocadas para que o Governo Regional pudesse adequar a sua governação às novas regras financeiras. Mas qual quê? Há quanto tempo este Governo Regional deixou de governar? Agora tornou-se o governo queixinhas, chorando constantemente porque lhe negaram os pirolitos.
Agora queriam outro Guterres, não? Outro para chamarem de tonto mas que lhes pagasse as dívidas. E o que lucraram os madeirenses com todo o dinheiro que o Guterres enviou para pagar a dívida, que já vai mais alta ainda? Ficaram os madeirenses mais ricos? Alguém se apercebeu de mais desenvolvimento, de mais competências, de mais riqueza ou de melhor qualidade de vida?
Ah, sim, alguém me tocou no ombro, ao de leve. Enriqueceram os que construíram o poço dos Reis Magos, e os que construíram marinas vazias e esburacadas, e deitaram betão no mar, os que destruíram os litorais. De facto, já me tinha esquecido.
Queriam outro Guterres, não?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Representação da Madeira

A Madeira tem agora uma representação em Lisboa na zona das embaixadas, com a sua bandeira azul e amarela bem hasteada. Querem uma explicação sobre simbologia, ou basta que se fale de metáforas?
Já agora,parece ter custado mais de um milhão. E as despesas correntes e de manutenção? Quem paga?

O grupo de A.J.J.

Grupo A: Hitler, Estaline, Mussolini, Franco, Salazar, Mao-Tse-Tung, Fidel de Castro, Hugo Chavez.

Grupo B: Churchill, Kennedy, Willy Brandt, Mário Soares, Sá-Carneiro.

Em que grupo se situará Alberto João Jardim?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Clubes e Desporto

O Desporto é uma actividade humana que deve ser apoiada pelo Estado, tal como a Saúde, a Educação ou a Cultura, por exemplo, mas falo da prática desportiva e não do espectáculo desportivo.
O espectáculo desportivo, ou o circo moderno, ganhou foro de actividade económica, com a consequente profissionalização. Aí entendo que o Estado deve proteger esta actividade como outra actividade económica, para o interesse da economia. Verifico também que o Desporto é um sector cada vez mais importante na economia global, com contactos profundos com outros sectores da actividade económica e potencia muitos postos de trabalho, logo o Estado não deve menosprezar o Desporto. No entanto, o Desporto profissional ou falsamente amador deve gerar as suas próprias fontes de receita, libertando os recursos do Estado para o Desporto dos cidadãos.
Outra coisa é a confusão neo-liberal, ou tipicamente americana, ou tipicamente soviética do Desporto com a Escola. Na nossa terra, como no todo nacional, a tradição desportiva está ligada aos clubes e estes têm alma que não pode morrer, tal como entendo que menosprezar os clubes desportivos é o mesmo que coarctar a dinâmica associativa. Nem Salazar o conseguiu!
Abomino os dínamos de Moscovo, de Belgrado, da Madeira ou do Funchal. Gosto dos clubes de café, de aldeia, de bairro, ou dos Amigos Futsal.

Noite

NOITE

Nunca te falarei desse lume
ou do incêndio dos dias,
posso assegurar-te,
descansa.

Nunca te direi esse vocábulo
descansa, não posso perturbar
o sono, a paz,
a alegria.

Nunca te falarei da noite
sem magia,
descansa.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Poder de decisão

Entre a espada e a parede se vêem os grandes homens, alguns heróis diríamos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Omo

O Omo lava mais branco!
Parece que toda a gente começa a ficar preparada para aceitar o branqueamento da corrupção na Madeira.
Entretanto alguns comentadores, desta e outras esferas, vão dizendo que os políticos deviam era falar de política. Quando Cavaco falou do tema, de que é que falava? Quando Cravinho falou do tema de que é que falava? Quando o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (?) falou do tema de que é que falava?
E o dinheiro envolvido na corrupção não debilita as finanças públicas resultantes dos nossos impostos? E então o que é isto?
E as pessoas e empresas preteridas quando há "negociatas" não são realmente prejudicadas? E então o que é isto?
E as propostas de defesa do Estado de Direito e reforço dos meios do Estado na Região não são política?
E o reforço dos meios policiais e de Justiça na Madeira não é política de defesa dos cidadãos perante a criminalidade crescente?
E a iniciativa legislativa de aumento do subsídio de insularidade para 15% para todos os funcionários públicos, para alavancagem do comércio e da economia não é política?
E o ataque aos monopólios não é política?
E a recusa do novo estatuto do Representante da República e até do cargo, actualmente ocupado por alguém que chama os madeirenses de provincianos não é política?
Falem-me de política, digam-me o que é política, venham fazer a vossa política, para ver se eu a compreendo!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

bonecos tontos

O "cartoon" do Jornal da Madeira, um jornal que se prepara para assumir que ninguém o compra, falho de ideias, encontra apenas dois alvos das suas pseudo-piadas: ou o Diário de Notícias ou o Partido Socialista. O boneco de hoje mostra como os seus responsáveis possuem limitações interpretativas, pois o que o líder do PS-Madeira fez, em relação a Eanes, Melo Antunes e Jaime Neves, não foi um ataque, foi o contrário.
João Carlos Gouveia disse: "Melo Antunes e o "grupo dos nove", Ramalho Eanes e Jaime Neves venceram, porque foram determinados e, acima de tudo, porque confrontaram militarmente aqueles que quiseram fazer do 25 de Abril um processo revolucionário com o objectivo claro de implantar uma ditadura comunista em Portugal".
João Carlos Gouveia elogiou a determinação e a defesa da Liberdade e da Democracia realizada pelos militares referidos.
Ou quem escreve para os bonecos é mesmo ignorante, o que não acreditamos, ou se resume a uma estratégia de difamação e aldrabice paga pelo dinheiro de todos os contribuintes, a favor de um poder e de um partido político, que todos sabemos qual é.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

E agora?

O meu último "post" falava dos olhos fechados, sem imaginar que algo tão terrível estava acontecendo no Pizo.
Lamento, e lamento que se continue a fechar os olhos e a assobiar e a acusar outros de inimigos da terra e de fundamentalistas e de catastrofistas.
Tenho dito!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Fechemos os olhos, fechemos os olhos

O que acontece com os números da pobreza na Madeira segue o princípio de disfarçar os reais problemas da nossa Região, para que ela continue a ser percebida como um oásis deste País. Já foi assim quando foi denunciado o fenómeno da pedofilia - a denuncia foi entendida como ataque à Madeira ou a Câmara de Lobos, de modo mais particular. É assim quando se denuncia a iliteracia, o elevado índice de alcoolismo, a proliferação da droga, o aumento do desemprego ou o crescente fenómeno emigratório. Mostrar o que vai mal significa, para o Poder, atacar a Madeira e os madeirenses. Melhor será andar de olhos fechados, ou olhar para o lado.
Para muitos, a criminalidade é normal, apesar de tudo. A semana passada ouvi uma gritaria ali no Largo de São Paulo e dois matulões passaram ao meu lado em corrida desenfreada. Pouco depois, umas mulheres em corrida antecediam, tentando a perseguição, um turista que vinha resfolegando. Os matulões tinham acabado de roubar a carteira ao infeliz turista, que esfregava a cabeça. Só depois percebi o motivo pelo qual ele a esfregava desesperadamente: tentava perceber se o que lhe acontecia era real ou apenas um fenómeno psicológico.

Selecção de Futebol apurada

A Selecção de Futebol apurou-se para a fase final do Europeu, mas, mais uma vez, num jogo em que a equipa parece ter jogado para o mínimo exigível, do ponto de vista do resultado.
Mais uma vez, Scolari, que tem um plantel de luxo ao dispor, pareceu tomar os portugueses por tolos, ripostando com ar superior na conferência de imprensa.
Não há movimentações dos jogadores, não há dinâmica de grupo, e há atletas, como Cristiano Ronaldo ou Quaresma, que parecem jogar sozinhos, como se a equipa não tivesse treinador.
Mais uma vez nos valeu a Nossa Senhora do Caravaggio! Resta saber se na fase final Scolari não encontra pela frente treinadores com nossas senhoras mais poderosas.

Futsal, para variar

Para variar, hoje apetece-me falar de Futsal, não do Campeonato da Europa e do que prevejo que vai acontecer à nossa selecção da medrosa posse de bola, mas do Campeonato Regional, que teve sábado passado a 1ª jornada.
Os meus Amigos começaram com uma excelente vitória, isto é, três pontinhos importantes numa equipa que vai lutar pela permanência até ao fim, como na última época, com este escriba como treinador.
Foi injectado muito sangue novo no grupo, algum dele já desperdiçado. A ideia era renovar uma equipa desgastada. Veremos se há coragem e disponibilidade para um trabalho que deverá produzir frutos mais para a frente, tal como aconteceu com o Nacional a época passada.
Para já. o resultado foi bastante melhor do que a exibição. Veremos no próximo Sábado, no Caniço, quando os Amigos defrontarem o Marítimo, que goleou o Câmara de Lobos por 7-1.
Surpresa da jornada foi o Pontassolense, que foi à Camacha empatar o 1º de Maio (1-1). Na Ponta do Sol vive um grupo que luta durante todo o jogo e um atleta (nº13) que joga que se farta, diabólico no contra-ataque.
Na 2ª divisão, o União surpreendeu pela negativa. Com uma equipa cheia de vedetas, cedeu um empate perante o Académico que só agora se iniciou nestas lides.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um livro para cada recém-nascido

Estive lá e também ouvi o Secretário da Educação e Cultura falar da iniciativa governativa de oferecer um livro a cada recém-nascido! Que lindo, que poético!
Pouco depois, uma professora foi ainda mais além e propôs que fosse oferecido um livro com a criança ainda no ventre! Que poético, que lindo!
Já agora, se a Secretaria oferecesse também uma pintura, ou uma gravação musical? Qual seria a música ideal: electrónica, para os miúdos se habituarem desde já às "raves" e às "partys", jazz, clássica, rock, pop ou pimba?
E os livros? Que escolhas fará a Secretaria? Oferecerá já Herberto Helder ou ficará por Isabel Fagundes, pela Irmã Benvinda ou pelas histórias dos peixinhos e dos lobos marinhos?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

E a terra continua silenciosa

O "Diário de Notícias" de ontem alertava para o facto de nos últimos anos o betão ter feito desaparecer um terço dos terrenos agrícolas. Toda a gente já reparara nisto, mas não era politicamente correcto apontar o pecado: o batão e o alcatrão afogam a terra, que desaparece ou deixa de respirar.
Até a oposição tem dificuldades em falar deste assunto, se não meter o Turismo no meio. De facto, nenhum turista vem visitar um espaço dominado pelas vias rápidas e pela construção sem controlo nem respeito pelo ambiente, por mais baratas que sejam as viagens nesses "lau costes" patrocinadas novamente pelos impostos de todos nós, os que têm interesses nos negócios e os que nada ganham com esse turismo baratinho. Mas até aqui todos vão pelo discurso, agora... dar voz à terra incapaz de gritar só podia ser desespero de frustrados, de incapazes de aceitarem o desenvolvimento, de velhos do restelo, de pelintras, de tontos, de idiotas úteis, de malandros e dessa malta toda que é incapaz de ver o rumo para onde nos leva o Grande Líder com todos os seus guardas de livrinhos vermelhos na mão.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Separatismo

Desde a minha intervenção na FALA que venho denunciando a cultura separatista dominante no PSD-Madeira e que é visível nas palavras e actos de responsáveis de cargos públicos ligados ao Poder regional.
Alguns políticos de diversas áreas não percebem do que se fala, o que é normal; outros fingem que não percebem, o que é normal; outros têm terror de falar no assunto, que percebem, o que é normal.
O que não é normal nem aceitável é que pessoas ligadas à linguagem e à comunicação viessem constantemente a apelidar de anacronismo passadista (com outras expressões) a denúncia o carácter separatista de pseudo-autonomistas, quando os sinais estão todos transmitidos, desde a imposição da bandeira azul e amarela semelhante à da FLAMA nos mastros e no imaginário. Como não se percebia o que se passava e aonde se queria chegar quando não cessaram as bombas após a eleição do I Governo Regional?; quando pessoas ligadas à FLAMA ocuparam lugares de destaque no Poder regional? quando o Drumond acabava os seus estapafúrdios textos no Jornal da Madeira com "a palavra vencerá?" (A palavra no Parlamento, na Comunicação Social, na Cultura, nas escolas...); quando constantemente se fala de colonialismo?; quando se fala de Portugal como outra identidade, estranha à Madeira?; quando se inventam e repetem torneios em que a Madeira joga contra Portugal?; quando se repete a ideia de criação de uma federação de futebol própria para disputar competições internacionais? quando se eleva a herói todo o bicho careta enrolado numa bandeira azul e amarela?, quando se fala numa literatura madeirense e numa cultura madeirense e num povo madeirense?
Ah, era passado a FLAMA? Era passado tudo o que se passou em recentes eleições em São Vicente? Era passado as reuniões gastronómicas que os separatistas continuam realizando? Era passado o que o Presidente do Governo Regional se fez sócio nº 1 do FAMA? Era passado o que o Drumond diz agora?
E ainda não perceberam quando se diz que a Madeira ainda não é independente? E ainda não perceberam quando o Jaime Filipe Ramos e outros dizem que ainda não é tempo de se falar disso? E ainda não perceberam o que está em causa quando tantos outros por aí vão afirmando que a Madeira não tem condições económicas para ser independente, como se tudo estivesse subordinado ao cacau, ao money, honey, ao money, mister, please, ó velha cultura da pedincha, ó velha cultura das rotundas!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Dúvidas (?) de Filipe Malheiro

Filipe Malheiro, no seu blogue que acompanho sempre que possível, dá conta de um boato de que João Carlos Gouveia pensou em demitir-se da liderança do PS-M. Se ouviu, espalhou um boato. Pior ainda, afirma que, conhecendo JCG não se admiraria com essa acção. Mal conhece então...
João Carlos Gouveia nunca sonharia sequer essa hipótese. Mais ainda: nada do que se passa no PS-M de hoje é encenação teatral, seja farsa, comédia ou tragédia. Devem Filipe Malheiro e todos os Madeirenses levar a sério as nossas propostas e estratégia.
O Presidente do PS-Madeira e todo o seu Secretariado apelaram à abstenção, por agora. Os deputados não cumpriram a vontade politica do PS-Madeira. Exerceram um direito. Os cidadãos madeirenses estão a julgá-los novamente, embora sem o exercício do voto. Basta encostar o ouvido... O que está em causa, neste momento, não é a credibilidade da liderança de João Carlos Gouveia, que tem agido de acordo com as estratégias aprovadas no Congresso e na Convenção. Vivam outros com a mesma paz de consciência.

Voto dos deputados

Eu nunca acreditei que estes deputados se comportassem de outro modo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sermão do Bom Ladrão (III)

"... o verbo rapio [roubar] na Índia se conjugava por todos os modos. A frase parece jocosa em negócio tão sério; mas falou o servo de Deus como fala Deus, que em uma palavra diz tudo. (...) O que eu posso acrescentar, pela experiência que tenho, é que não só do cabo da Boa Esperança para lá, mas também das partes daquém se usa igualmente a mesma conjugação. Conjugam por todos os meios o verbo rapio; porque furtam por todos os modos da arte, não falando em outros novos e esquesitos, que não conheceu Donato nem Despautério. Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos, é que lhe apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções na rapina. Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quando lhes mandam; e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem; e garantindo as cousas desejadas aos donos delas, por cortesia sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal com o daqueles que manejam muito; e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros na ganância. Furtam pelo modo potencial, porque, sem pretexto nem cerimónia, usam de potência. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem e estes compram as permissões. Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas; porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras, quantas para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque do presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triénio; e para incluírem no presente o pretérito e futuro, do pretérito desenterram crimes de que vendem os perdões, e dívidas esquecidas de que se pagam inteiramente; e do futuro empenham as rendas e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes vem a cair nas mãos. Finalmente, nos mesmos tempos não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plusquam perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse. Em suma que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz activa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tiveram feito grandes serviços, tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas".
Pe. António Vieira, in Sermão do Bom Ladrão

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

RES PUBLICA e jornalismo medíocre

Os jornalistas não são medíocres ou não conforme concordem ou não connosco, tal como acontece com os árbitros, numa qualquer modalidade desportiva. Como em qualquer actividade, há os bons e os outros, os esforçados, porém medíocres ou ainda os inadaptados.
Vem esta introdução a propósito do comentário de Ricardo Miguel Oliveira, acerca da criação do movimento Res Publica.Os mais atentos ao seu percurso jornalístico têm observado como passou de jornalista acutilante e atento para uma zona mais acomodatícia e cinzenta, principalmente a partir do momento em que se tornou comentador económico e quase publicitário de certas actividades económicas na TSF. Na RTP apresenta uma figura pretensiosa, dada a poses de superioridade intelectual perfeitamente desajustada do seu débito verbal. Talvez por andar noutras áreas, talvez pela falta de humildade, transportou para o texto que usamos como referência uma presumida superioridade sobre os políticos e a "partidocracia".
Quando cita Putmam, dá razão aos homens da Rez Publica quando pretendia atacá-los, pois este projecto de intervenção cívica existe pelo reconhecimento da importância da intervenção não partidária. O que os fundadores da associação disseram é claro para todos menos para certos jornalistas que, se não fingem, perderam a noção da sociedade onde vivem e que julgam perceber. Afirmaram que certos políticos possuem condições de acção que o cidadão comum não possui. É claro e suficientemente provado que o Poder totalitário nesta Região não permite a liberdade de intervenção por igual a todos os cidadãos, e que, mesmo assim, pretende levar à Justiça os que se dignarem afrontá-lo verdadeiramente, e não picá-lo apenas eufemisticamente.
Como jornalista, Ricardo Miguel Oliveira não conhece ninguém perseguido, renegado ou vilependiado pela sua livre opinião e afirmação pública? Como jornalista, Ricardo Miguel Oliveira nunca foi, ele mesmo, humilhado, enxovalhado e alvo de chacota? Como jornalista, Ricardo Miguel Oliveira não conhece nenhum cidadão acusado na barra dos tribunais "por difamação" só por expressar a sua leitura política sobre o exercício do poder? Nem nunca viu acusado nenhum colega jornalista, nem um jornal sequer? Ah grande homem que vive na paz do Senhor.

Sermão do Bom Ladrão (II)

"Como levam ao Inferno consigo estes maus ladrões a estes bons reis? - Não por um só, senão por muitos modos, os quais parecem insensíveis e ocultos, e são muito claros e manifestos. O primeiro, porque os reis lhes dão os ofícios e os poderes com que roubam; o segundo. porque os reis os conservam neles; o terceiro, porque os reis os adiantam e promovem a outros maiores; e finalmente, porque sendo os reis obrigados, sob pena de salvação, a restituir todos estes danos, nem na vida nem na morte os restituem."
"Faz questão São Tomás(...) "Aquele que tem obrigação de impedir que se não furte, se o não impediu, fica obrigado a restituir tudo o que se furtou. E até os príncipes, que por sua culpa deixaram crescer os ladrões, são obrigados à restituição; por quanto as rendas com que os povos os servem e assistem, são como estipêndios instituídos e consignados por eles, para que os príncipes os guardem e mantenham em justiça."
Pe. António Vieira, in Sermão do Bom Ladrão

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sermão do Bom Ladrão

"O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno; os que não só vão mas levam, de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue S. Basílio Magno: Não são só ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes roubar a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões e começou a bradar - Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos".
Pe. António Vieira in "Sermão do Bom Ladrão"

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Miguel Albuquerque

Mais um artigozinho intragável de Miguel Albuquerque. Intragável porque não tem gosto. Escreve o que lhe vai na bílis, usando uma linguagem mais apropriada ao chefe do seu partido. Não argumenta, não se defende, ataca com a violência dos que não possuem outros recursos. É triste ver como lhe cai o verniz, agora atacando os socialistas locais como "comunistas". O chefe já disse o mesmo, tantas vezes, repetidamente até à náusea, que o homem que recebeu uma câmara como herança deveria usar outro discurso, se lhe fosse possível, é claro.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Madeira e Catalunha

Li no blogue de Luís Filipe Malheiro, "Ultraperiferias", que o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira convidou o Presidente do Parlamento da Catalunha para falar de "A Autonomia na Catalunha e o novo Estatuto".
Não é de agora a colagem de políticos do PSD-Madeira às experiências autonómicas espanholas. Esquecem-se que a Espanha é constituída por um conjunto de antigas nações, com línguas próprias, que reivindicam o seu estatuto histórico. Os madeirenses são portugueses no Atlântico. Qualquer semelhança é puro ilusionismo vestido de azul e amarelo.

Estatuto do Representante da República

Eu votaria contra o diploma do Estatuto dos Representante da República, porque entendo que o cargo não tem razão de existir. Só iliba os órgãos eleitos pelos madeirenses (Presidente da República e Assembleia da República) de agirem em questões da defesa da portugalidade e do Estado de Direito nesta Região.
O sr. Ex-Ministro ainda não está cansado da Província?

sábado, 20 de outubro de 2007

Provicianismos

O Representante da República na Madeira, cargo anacrónico que permite desresponsabilizar os órgãos da República sobre o que se passa nas regiões autónomas, afirmou que as vulnerabilidades a que estão sujeitos os magistrados da República são as próprias dos meios pequenos, chegando a intitular o nosso meio de "provinciano".
Provinciano? O Senhor Representante, sua excelência, vem da grande capital para o Palácio de São Lourenço apelidar de provinciano o meio que o acolhe?
E estas ilhas ainda não se livraram do provincianismo, após tantos anos de luz emanada do espírito citadino, cosmopolita, erudito e magnífico de tão insigne visitante?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O MPT e a corrupção

Os responsáveis do MPT rapidamente alertaram os seus parceiros de que a sua estratégia política não tem nada a ver com o modo como o ÇPS-M encara a corrupção na nossa Região: como um fenómeno estruturante. Não, para o MPT o que está em causa é apresentar propostas de resolução dos problemas, como se eles fossem governo. Se a alternativa (ah, já me esquecia, é isso que eles não querem) se resolvesse com propostas, porque motivo o Carlos Pereira não é o Presidente da CMF? Queriam melhor equipa e melhores propostas? Ou o Miguel Fonseca, por exemplo, que foi o primeiro a apresentar a proposta de areia amarela para a Praia Formosa, ou o teleférico para o Monte, ou o eléctrico para o Funchal, ou o comboio até ao Monte ou Terreiro da Luta? Propostas? Arranjo eu mil para todos os sectores...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Liberdade de imprensa

O Presidente do Governo Regional garantiu que vai colocar o director e o proprietário do Diário de Notícias em Tribunal por ter publicado sondagem sobre a corrupção, onde a maioria dos madeirenses considera que existe corrupção na sua terra. Pois é, não há direito de informar sobre o que este poder totalitário não quer.
Autarcas do PSD da Assembleia de Freguesia da Madalena do Mar insurgiram-se contra os blogues e respectivos conteúdos de Pensamadeira e Besoirar, naturalmente porque veiculam conteúdos que não interessam àquele partido.
E ainda têm o desplante de se armarem em anjinhos. é preciso ter lata!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Da corrupção

A grande maioria dos madeirenses relaciona a corrupção com os órgãos de Poder regional e mais de metade dos inquiridos no inquérito publicado no DN considera que a Justiça não actua devidamente em relação a estes casos. Significa que a prática do novo líder e da nova direcção do PS-M está de acordo com o sentir dos madeirenses.
Os mecanismos da cunha, do favor, da subserviência, da corrupção servem sempre os interesses dos poderosos que, deste modo, tutelam e estabelecem teias onde aprisionam os cidadãos.
O líder do PS-M, em conferência de imprensa de ontem, afirmou que faltava que os cidadãos punissem moralmente os benificiários da corrupção. De facto os eleitores ainda não o fizeram. Resta saber se o fado se deve a uma cultura secular, e agora requintada, da subserviência, ou se os eleitores apenas aguardam que a Oposição proponha ideias e pessoas que representem uma alternativa confiável. Terão que ser esses os próximos passos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Independentes

Há os independentes do PSD, os independentes do PS e os independentes. Os de direita dizem-se de direita, os de esquerda nem afirmam nada, num distanciamento pretensamente cínico. Gostariam muito de alternativas e só a imaginam no PS, mas não vêem como, com este líder não, nem com o outro, nem o outro ainda. Catalogam os líderes com os mesmos epítetos com que o PSD, isto é, AJJ o faz. Não conhecem outro vocabulário nem conseguem já pensar de modo diverso. Depois esquecem-se que a olaria do Pimenta já encerrou, e mesmo aí os bonecos possuíam pés de barro.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Une saison en enfer

Férias forçadas, talvez, ou contra-correntes. Dias difíceis impediram-me de escrever. Mergulhei e voltei à superfície. As minhas desculpas pela ausência.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Convenção

A Convençaõ "Caminhos do Futuro" mostrou um PS animado, vigoroso e disponível; um PS-M credível, combativo e inovador. Para além da excelente qualidade de intervenções dos diversos oradores convidados, a mostrar que o PS possui quadros de valor e preparados para outras funções, a Convenção reforçou nitidamente a liderança da nova direcção.
"Cortar à Direita" procura desempenhar o seu papel de adversário da Esquerda. É legítimo e marca uma posição no interior do CDS-PP. Porém, as análises que o sr. Roberto Rodrigues faz constantemente à vida do PS-M são demasiado afastadas da realidade; partem mais do desejo de que assim fosse... Vejamos:
Como se pode afirmar que em breve haverá crise interna no PS, após manifestações públicas e constantes de acção conjunta?
Como se pode afirmar que a Convenção mostrou que o PS está dividido quando a moção do contestatário (tem esse direito!) Ricardo Freitas (o mesmo que se opôs à nova liderança no Congresso) só obteve 3 votos (o dele e de outros 2 militantes) em mais de 100?
Como se pode inferir que Ricardo Freitas deve ser o "cabecilha" da futura oposição interna? Se assim fosse, essa oposição estaria bem servida e apta a conquistar grandes adesões, não haja dúvidas...
Quanto à falta de propostas e políticas de alianças, a distância da ilha está a colocar Roberto Rodrigues a oceanos da realidade.

No oco dos comentários

Roquelino Ornelas, no Box-M, de que é co-autor, para falar do que se passa no PSD nacional, na oposição, deu-lhe para meter no mesmo saco de análise, o PS Regional, afirmando que , este, tal como o PSD nacional, é uma lástima. Lástima porquê? Não diz! É isso, manda-se umas bocas, umas patachadas, porque fica bem, de acordo com frases feitas e ideais a que certos jornalistas aderem por dever ou por serviço. Lástima porquê? Olha quem fala!!!

O fio da vida

Há homens que rezam na penumbra
das catedrais dolentes e há outros
que do alto das pontes olham
a escuridão rumorejante das águas.
Há homens que esperam na orla
marítima e outros arrastando-se
no viscoso esterco dos subterrâneos.
Há homens debruçados em pleno azul e outros que deslizam sobre densos verdes;
há os desatentos na atenção e os que
espreitam atentamente a ocasião.
Há homens por fora e por dentro
do cimento armado, suspensos
das mil ciladas do quotidiano voraz;
de encontro aos muros, às paredes,
ao sol do meio-dia, ao visco da noite,
às sediças solicitações de cada instante.
Há a impotência poderosa da oração
e a obsessão amarga dos suicidas
e, de permeio, os que, porque hesitam;
porque ignoram, porque não crêem,
não oram nem se suicidam
e se quedam ante a impossibilidade de destrinça
entre o fio da vida e a vida por um fio.

Rui Knopfli, Mangas Verdes com Sal

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Opções

Qualquer cidadão é livre de estar vinculado a um partido ou não, e entendo mesmo que há outros espaços que não os partidos para a participação cívica. Este pressuposto não colide com a ideia que defendo que o PS-M se assume como a casa comum dos que ainda acreditam na possibilidade de existência de uma democracia baseada no Estado de Direito aqui na Madeira. Também me custa a admitir a suposta auto-suficiência e superioridade (linguae contaminatio) de uma espécie de críticos do Poder, que junta todos os políticos e todos os partidos no mesmo saco. Esta é uma excelente forma de branquear o Poder.


Dito isto, convém sublinhar que conheço mil e uma pessoas que alegam compromissos e dificuldades da sua vida pessoal para não participar em partidos de Oposição ao PSD Madeira, pelo emprego, pelo bom nome, pela família, pela segurança, pela riqueza, pelos negócios ou pela ilusão. Esta situação espelha a gravidade da não participação política, da falta de liberdade e de democracia. Esta situação é que é grave!


São elevados os custos sociais dos verdadeiros opositores. Se aos custos sociais ainda se junta o desgaste perante a mediocridade entronizada em capelas e capelinhas, tudo se torna mais difícil de suportar.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Liberdade de crítica

O PS-Madeira, tal como o Partido Socialista no seu todo, orgulha-se de incluir o debate como fórmula necessária para a vivência de qualquer partido democrático e qie respeito o valor da Liberdade. As críticas são legítimas, sem dúvida e ponto final, mas atacar direcções e lideranças usando linguagem própria dos ataques insultuosos de algumas figuras do PSD tem outro nome.

Concurso de Pessoal Docente 2007/2008

Professores licenciados , com estágio profissional, não colocados na RAM (21/9)
Ensino Pré-Escolar 38
1º Ciclo Ensino Básico 73
2º Ciclo 74
3º Ciiclo e Secundário 161
total 346

Principais áreas (3º ciclo e Secundário):
Português 42
Física Qúimica 38
Inglês 22

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

PS em acordos com o PND

Agora que a nova direcção do PS se encontrou com responsáveis pelo PND, tendo acordado algumas estratégias comuns na área da oposição ao regime político totalitário da RAM, que dirá quem corta da direita?
Provavelmente o mesmo que a RDP Madeira, ao informar, depois do encontro entre estes dois partidos, que a Esquerda delineava propostas comuns.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Jornalismo e liberdade

Embora esteja crescendo o jornalismo dos títulos bombásticos e populistas, com critérios jornalísticos submetidos ao lucro puro e duro, invadindo mundos privados e o direito à reserva da vida privada, também me preocupo com a nova lei que impede os jornalistas de divulgarem as escutas telefónicas que são apresentadas em tribunal. É que me parece que esta lei surge para proteger gente com poder efectivo e não os criminosos comuns. O mundo divide-se então entre os uns e os outros!

Estádio do Marítimo

As coisas andavam difíceis para o PSD Madeira: ter que apoiar um candidato a quem não é reconhecida capacidade de se tornar alternativa no Governo da República; a guerra dos delfins; o abuso de poder de gente importante na Nomenklatura; a difícil situação na CMF; as relações que se estreitam na oposição; a nova dinâmica do PS-Madeira. Então, os mestres da comunicação descobriram a receita: barulho, muito mais que ruído. E o Poder aparece com asas de anjo: madeirenses, meus amigos, maritimistas, está tudo sob controlo, e por metade do preço. Afinal somos poupados.
Entretanto, para a Praia Formosa, há-de arranjar-se forma de os nossos queridos empreiteiros não perderem com a mudança; é que eles precisam de mais capital para investirem no estrangeiro!

Izvetzia

O meu amigo há décadas que diz: isto é como na Rússia totaçitária: temos o Pravda, órgão reconhecidamente pertença do regime, e o Izvetzia, que finge ser do contra, para que o regime se possa proclamar de democrata, mas apenas finge ser o que não é.
O caso da CMF é um excelente exemplo: títulos aparentemente denunciadores ou críticas, numa primeira fase, para depois se incluir o fundamental: um detergente que lava tudo, com entrevista ao Presidente, como se fosse a pedra final de todo o processo.
Post scriptum: aposto que o director do Izvetzia está em trânsito para o Pravda, como "comunista" que o seu velho amigo diz que ele é.

sábado, 15 de setembro de 2007

Como uma Máfia, "no bom sentido"

Conselho Regional do PSD Madeira apoia governantes e autarcas, pois claro. Podem brigar pelos poderes internos, podem esgrimir armas e argumentos, mas quando chega a hora da verdade, o Padrinho obriga a família a estar unida à sua volta. Como uma Máfia, "no bom sentido".

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A lógica de Scolari

Scolari chegou a Portugal com a fama de sargentão e desde logo quis demonstrar como era a sua política de caserna, principalmente perante os contestatários. Seguindo a sua lógica militar, formou um forte espírito de grupo com os seus "meninos". Esse espírito valeu-lhe vitórias, mas o facto de tê-lo fechado, convocando sempre os mesmos, estivessem em forma ou não, começou, há algum tempo, a custar-lhe jogos e pontos.
Ñunca percebi como pode ser considerado um grande treinador quem recorre ao "cientificismo" das nossas senhoras de Caravaggio, enquanto vai suspirando "ai, ai", quando as coisas vão mal. O que devia fazer, nesses momentos, era concentrar-se nas alterações tácticas a realizar para alterar o rumo dos acontecimentos.
A agressão da passada quarta-feira não pode ser desculpabilizada, como não foram, para a FPF, as atitudes de João Pinto ou do miúdo Zequinha. O responsável pela selecção principal tem responsabilidades acrescidas. Se Gilberto Madaíl e seus pares perceberem do assunto, aproveitam a deixa e livram-se do caríssimo peso que carregam, com justíssima causa, contratando um técnico que traga novo dinamismo a uma selecção apática, sem alma nem raça.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

CMF

Fui desafiado a falar sobre a CMF, mas a minha opinião sobre certos comportamentos já foi veiculada através das minhas fichas (posts anteriores) que diziam quase tudo sobre os mecanismos que ligam a corrupção ao Poder. Nada do que se vai descobrindo me admira, porque certas pessoas se alcandoraram na vida pública e pessoal à custa da expressão popular de que o mundo é dos espertos! Surpreende-me é que essa gente ainda tenha crédito na opinião pública.
Post Scriptum: Sobre a minha escrita, recordo um episódio - há quase vinte anos colaborei com um programa da RJM, da autoria de uma colega da Católica. Eu falava de poesia, apresentando um livro. Decidi pegar num livro que Carlos Fino acabara de lançar, com prefácio de José António Gonçalves. O programa ia a meio quando o director da rádio, na altura o cónego Tomé Velosa telefonou à responsável pelo programa perguntando-lhe se estava louca, se não sabia que rádio era aquela, falando de um socialista, e quem era o colaborador que não conhecia de lado nenhum, que se queria falar de poesia madeirense então tratasse de Edmundo Bettencourt ou Herberto Helder. Nota minha: mortos e exilados, com todo o respeito e admiração por dois grandes poetas da literatura portuguesa. CONCLUSÃO: Tive que informar a minha colega que eu só escrevia sobre o que me apetecia, porque trabalho de casa bastava-me o da Universidade.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Crédito aos universitários

Um amigo falou-me, feliz, sobre as perspectivas de estudo do seu filho, que entra agora na Universidade. Andava angustiado, dizia-me, pois sabia que não caía do céu o dinheiro necessário para que o seu filho mais velho continuasse os estudos. Agora, com o crédito aos estudantes, resolvia o problema.
Acrescentou que Portugal era o único país da Europa que não possuía um sistema de crédito bonificado aos jovens universitários e insurgiu-se contra os que ainda criticam esta medida do Governo de Sócrates:
- Pois, isso é gente que não se interessa pela educação dos seus filhos, ou então não tem problemas financeiros. É melhor acabar um curso com uma dívida do que não poder continuar os estudos.
O meu amigo tem razão. E relevo desta medida o facto de os melhores alunos, os que mais se esforçarem, naturalmente, terão uma bonificação superior. O reconhecimento do mérito!

sábado, 8 de setembro de 2007

Símbolos e Povos

Diz bem Maximiano Martins sobre o orgulho que os Madeirenses sentem por serem Portugueses, embora devesse dizer que as bandeiras nacionais, na nossa terra, signifiquem muito mais que o orgulho pelos resultados desportivos, são uma marcante afirmação patriótica, anti-separatista.
Está menos bem Maximiano Martins quando classifica de regionalismo doentio os comportamentos dos homens do PSD-Madeira. Não se trata de regionalismo mas de atitude conforme à visão autonomista desse partido: a visão autonomista do PSD é claramente separatista. É claro como água, só não vê quem não quer. Não há que ter medo das palavras! Ou essa gente precisa fazer mais que eliminar os símbolos para que todos percebam?

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

À la gardere...

O líder do PSD-M recebeu o candidato à liderança do PSD, Castanheira Barros, na Quinta Vigia, residência oficial do Presidente do Governo Regional. O à-vontade com que se misturam interesses do PSD e do Governo Regional é tanto que quase ninguém se espanta ou se insurge contra. É o outro lado da mesma moeda de um presidente do Governo do PSD que se nega a receber o líder da oposição, alegando que não sabia sob que função João Carlos Gouveia pedia a audiência (quando a carta dizia explicitamente: como presidente do PS-Madeira) e, depois, dizendo que o líder do PS-M deveria portar-se como ele, presidente do PSD, quer, uma espécie de cordeirinho manso, que não denunciasse o sistema totalitário em que vivemos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Alianças?

No jogo dos banquinhos era todos contra todos. Num jogo com quatro ou cinco balizas, cada qual defendia a sua, de metro e pouco, e procurava marcar golos na baliza mais desguarnecida. Quando, porém havia alguém já com 4 ou 5 golos e o jogo era até 6, todos se uniam para derrotar aquele adversário, até que voltava o equilíbrio, e era cada um por si. Isso era no tempo do jogo dos banquinhos...

O Partido da Terra e os Movimentos de Cidadãos

O Partido da Terra na Madeira surge da tentativa de militantes do PS se preservarem na Assembleia Legislativa da Madeira. Juntaram-se-lhe órfãos motatorristas e outros que, quando não apareciam nos lugares que ambicionavam nas listas, juravam participar num projecto de cidadãos disponíveis para trabalharem para o bem da comunidade. Uma mistura, uma mistela. Sem capacidade de afirmação no interior dos partidos ou pretensamente injustiçados nas suas vontades políticas, eis que formam movimentos de cidadãos. Dizem que ganha a cidadania. Mas há mais cidadãos a participar activamente na vida política? Não. Apenas há grupos de descontentes no interior dos partidos, geralmente porque os seus interesses pessoais não foram reconhecidos, que jogam com a chantagem. No Ps é ver o Movimento à volta de Manuel Alegre, que queria ser presidente da República, e o Partido decidiu apostar noutro; é Helena Roseta; é...(ah, na Madeira, os que alinharam à volta de Manuel Alegre a aderirem ao PT contra o Ps, ou a preconizarem novos grupos que nunca alinharão claramente na demanda de mais liberdade e democracia na Madeira).

domingo, 2 de setembro de 2007

Ruído?

O PS Madeira tem uma estratégia e um discurso próprios. A actual liderança tem marcado a política regional em três planos: na análise e denúncia bem marcadas do regime totalitário implantado na Madeira, com o consequente apelo para que a Justiça desempenhe integralmente as suas funções; na defesa dos interesses dos cidadãos madeirenses, mesmo que essa atitude implique discordância em relação a algumas medidas do Governo da República do Partido Socialista; nalgumas propostas já anunciadas publicamente, como a solicitação para que seja criada uma delegação do DIAP na Madeira e o complemento de insularidade de 15% para todos os funcionários públicos, numa clara tentativa de revitalização da frágil economia madeirense.
Naturalmente para o poder e seus servidores convém dizer que isto é só mais ruído.

Intermitências

O final das férias e a consciência de que muito trabalho me aguarda já a partir deste mês levou-me a um período de pausa nestas minhas reflexões. Este PC também não anda lá muito famoso e, por isso, o meu blog tem sido afectado por intermitências, que procurarei evitar para não defraudar os que perdem algum tempo por estas bandas.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Manifestação separatista

Os comentadores têm sido pródigos na afirmação de que o presidente da Câmara Municipal de São Vicente só quis agradar ao chefe e chegou até a ser "mais papista que o papa". Essa leitura do facto de não se ter tocado o Hino Nacional na cerimónia do Dia do Concelho significa que esses comentadores reconhecem que Alberto João Jardim (o tal chefe, o tal papa) fica satisfeito com manifestações separatistas, que outra coisa não é a ausência do símbolo português. Finalmente começa-se a perceber a índole deste regime, ou apenas se deixou de brincar ao faz de conta?

sábado, 18 de agosto de 2007

Formação desportiva nas escolas

A relação do Estado com o Desporto merece uma reflexão muito séria, onde deve opinar a generalidade dos cidadãos e não apenas os habilitados para exercerem profissão nessa área.
Já passei pela experiência de dirigente desportivo e ainda me encontro ligado ao treino, no Futsal e no Futebol, onde, desde há cinco anos venho colaborando com o CD Nacional, primeiro nas Escolinhas e depois nos Infantis. Sendo professor do Ensino Secundário, tenho soltado a voz várias vezes para comunicar aos meus colegas que o melhor da Educação está no Desporto. E referia-me à formação dos jovens efectuada nos clubes desportivos.
Nos clubes, os jovens têm aprendido, e aceitam isso com normalidade, a cumprir regras, a respeitar dirigentes, treinadores e colegas, a trabalhar em conjunto para atingir objectivos comuns, além de outros valores apreendidos com alegria. Resta saber se as mudanças prometidas visam em primeiro lugar as crianças e os jovens, ou se outros interesses não se levantarão...
Por algumas afirmações que já vieram a público, parece-me que a formação integral dos jovens não é a primeira preocupação dos políticos legisladores.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A Televisão que temos

Ninguém ainda esqueceu como o director da RTP Madeira tratou a informação no período pré-eleitoral e, especialmente, na noite do dia das eleições. Juro que já não sei se sonho ou foi imaginação minha ver o dito senhor curvadamente abraçado ao vencedor, com o final das costas aparecendo publica e indecorosamente. O modo como foi tratada a informação no Telejornal de ontem à noite vem no seguimento da mesma curva, como não podia deixar de ser: o grande tema do dia foi, sem dúvida, a conferência de imprensa onde os vereadores socialistas afirmaram a intenção de avançar com uma acção de perda de mandato de Miguel Alburque, presidente da CMF. Como é possível que alguém aceite como normal um Telejornal de uma estação pública colocar o assunto do dia após as notícias desportivas, e avançando primeiro com o contraditório efectuado pelo visado nessa conferência de imprensa?
Se o director da RTP passou além do estado de vergonha. como se sentirão os restantes jornalistas da RTP-M? Ah, e depois há outros jornalistas da freguesia que querem passar a ideia de que o que está a acontecer resulta apenas da luta de galos pelo poleiro do PSD, isto é, usam Omo, porque branco mais branco não há.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Grande admiração!

Presidente do Governo Regional não quer receber líder da oposição da Madeira. Grande admiração! Queriam um rasgo democrático do líder do PSD-Madeira plantado na Quinta Vigia como um carvalho velho?

Discurso separatista II

Alberto João Jardim afirmou hoje: "Estou-me nas tintas para os regulamentos da República Portuguesa".
Um membro do Conselho de Estado "nas tintas" para os regulamentos da República Portuguesa...
De que República Alberto João Jardim respeita os regulamentos? Sim, de que República? Diga, de uma vez por todas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Discurso separatista

Alberto João Jardim afirmou que “tem de haver uma solução política para aquilo que o Estado colonialista está a fazer à Madeira no domínio dos transportes”.

Um membro do Conselho de Estado nunca poderia acusar o Estado que representa de colonialismo, sem consequências.

Quem fala em Estado colonialista está a utilizar um discurso marcadamente anti-colonialista, logo separatista.


sábado, 11 de agosto de 2007

Miguel Torga

Leiria, 10 de Novembro de 1939:

Mais duas horas de prosa.
Uma coisa seca, retalhada, sem nenhuma grandeza. Apesar de ter a consciência disso, suei honradamente aquelas quatro páginas. E, afinal, é o que é preciso. Puxar, puxar, até o corpo não poder mais e cair de vez. Dar à vida, numa palavra, o que a vida pede: cada momento cheio de qualquer esforço.
Quando eu era pequeno, havia lá em casa, no cimo de um lameiro, uma costeira que era só fraga; e meu Pai, na vessada granjeava também aquele bocado, que nunca deu sequer feijão-chícharo. Só com dez anos, sem conhecer ainda o pavor dos retalhos de tempo, perguntava-lhe eu, já cansado:
-Mas porque é que se cava também isto?
E ele, como quem sabia uma verdade eterna:
- Para se acabar o dia.
Miguel Torga, Diário

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ficha 5


5

Quando os responsáveis pelo fascismo passaram alguns dias na ilha, em trânsito para o Brasil, Rui percebeu o valor simbólico daquela paragem: a revolução demoraria muito mais a chegar ao Atlântico.
Ao tempo, o regime da propriedade rural era pouco menos que feudal. Quem trabalhava a terra (e carregava o nome de colono) tinha que entregar dois terços do produto desta ao senhorio, o dono, e ainda lhe vergava a cerviz no momento em que este vinha, com os meninos e meninas da sua prole a colherem as melhores uvas, antes das vindimas. O colono alindava um cestinho onde depositava o melhor fruto da sua escravidão. Os defensores deste regime, os seus arautos e guardiães rapidamente desenterraram ideais de autonomia que eles próprios tinham ajudado a espezinhar. Agora que ventos de liberdade e de justiça se anunciavam (anunciara-se, de facto), convinha que esta terrinha pudesse ter governo distinto. Mas então o que era isso de liberdade, o que era isso de socialismo, e extremo escândalo, de comunistas em lugares de poder? Noutros lados, vá que não vá, aqui nunca. Pata rapada, como esses colonos ignorantes que nasceram para cavar e carregar os senhores na rede, não deveria ter os mesmos direitos. O povo a reivindicar significaria o absurdo do poder caído na rua…

Luísa leu de seguida, interrompendo apenas para beber o café que o irmão preparara.
- Não percebo, manténs os nomes das pessoas…
- Pois é, já te disse que a única intenção desses textos é lutarem contra o esquecimento.
- Mas se não ficcionas, qual o motivo de apresentares os dados dessa maneira? Poderias escrever simplesmente um diário…
- É um diário à minha maneira, para guardar numa mala, para os meus netinhos perceberem um dia como começou esta treta da autonomia.
Luísa sorriu, abanando a cabeça, para mostrar ao irmão a sua discordância.
- E a ficha 5 que andas a escrever, é para falar de quê?
- Da invenção da ideia separatista.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Ficha 4

4

Ricardo Mendes, chefe de secretaria da Assembleia, tinha vindo de África, na leva dos retornados. Sabia-a toda, naturalmente. Inscreveu-se no Partido, como é óbvio e não tardou em ser o presidente de uma junta de freguesia do Funchal.
Ia à empresa de vez em quando, para receber um envelope, e aproveitava para conviver com o senhor Silvestre, farinha do mesmo saco.
Nessa final de tarde, o chefe de escritório, o senhor Castro, também teve direito ao convívio: charutos cubanos, whisky de doze anos, anedotas, e o elogio do triunfo dos chicos espertos.
Rui ficara do outro lado da festa. Casualmente deixara-se ficar no escritório, a colocar em ordem algumas facturas. Mesmo que o tivessem convidado, nunca estaria do outro lado, não tinha pachorra para aturar gente daquela, metia-lhe asco. Já tinha ouvido todas as anedotas sem graça do Silvestre, armado em novo-rico, sem jeito nenhum para isso, com o desplante de ironizar com o aumento do desemprego feminino, a dizer que o grande negócio do futuro seriam os bordéis. Vómitos para indivíduos destes…
O senhor Castro saiu da reunião de olhinhos vermelhos, trocando o passo e bem aquecido. O patrão despediu-se com o Ricardo Mendes pelo braço, que dupla…
- Rui, Rui, esta gente ainda goza com desfaçatez. A ideia deles é que vivem em terra de cegos, e em terra de cegos quem tem um olho é rei.
- Falaram à-vontade à sua frente, senhor Castro?
- Pois claro. O Ricardo Mendes imagina que todos os que possuem um cargo de chefia hão-de ser do Partido ou da conveniência. E posso contar-te mais: chegou ao desplante de afirmar:
- Só os tontos não aproveitam o poder que possuem. Na minha freguesia, hei-de ganhar as eleições sempre que quiser. Se o povo quer uma escola, constrói-se a escola; se quiser uma estrada, porque não fazer a estrada? Tonto seria eu se não a fizesse. Se a estrada custar cinquenta mil, cinco mil são para mim, o povo fica contente e ganho as eleições!

Novo Robin Wood

Eis como surge o Robin Madeira, a dar sopa aos pobrezinhos.

Sem a coragem e o sentido de honra do famoso herói, sem gentil porte que o enobreça, o Robin Madeira nunca tirou aos ricos para dar aos pobres. Instalou-se no palácio onde se banqueteia com os da sua igualha e com aqueles que se curvam para beijar-lhe os anafados sapatos. No seu longo reinado de trinta anos, Robin Madeira fez crescer o número de pobres, para que não se perdesse a tradição familiar de lhes oferecer uma sopinha diária, como benfeitor supremo.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ficha 3


3

Rui pegou no recibo e dirigiu-se ao edifício da Assembleia para receber o pagamento. Já tinha percebido quase tudo. O senhor Sousa, antes de sair, abriu-se e contou como elas se faziam. O método era profusamente utilizado em África e consistia em oferecer dez por cento do valor de cada máquina ao responsável pela compra. E se esta empresa não fizesse, faria outra.
- Mas se os responsáveis não escolhem pela qualidade e preço, como se justificam?
- Quando lhes pedem explicações, coisa rara, por acaso, encontram sempre uma fórmula: uma qualquer característica da marca ou modelo adapta-se mais eficazmente ao pretendido…
- E nos restantes materiais, nos consumíveis, por exemplo?
- Só em casos especiais se oferece um prémio qualquer.
O senhor Sousa saiu para uma empresa maior, mas deixou toda a sua sabedoria ao senhor Castro. Este, porém, explicava logo tudo ao Rui. Percebia-se que não estava de acordo com todas as estratégias.
Olhou o recibo: quatrocentos e tal contos. Era uma enormidade de papel e tinta que aquela assembleia consumia, caramba.
A espera valeu a pena, pois o cheque já estava passado, aliás Rui nunca se aborrecia nas repartições: quanto mais tempo ali, menos a entortar a coluna numa cadeira, a mexer em papéis. Comprava um jornal desportivo e passava o tempo entretido numa fila qualquer.
- Eis o cheque, senhor Castro, bela verba. Aquela gente gasta material que se farta…
O senhor Castro sorriu, abriu a porta que dava para o espaço contíguo, onde geralmente se encontrava o patrão e, vendo o espaço vazio, esclareceu:
- Aquele dinheiro é limpinho, é fifty-fifty; metade para o Ricardo Mendes, metade para o Sivestre.
- E o material?
- Qual material, ó homem? Não saiu uma resma de papel do armazém.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ficha 2

2

O Gerardo viera do Continente, directamente da grande empresa. Era um bom técnico de máquinas e tornou-se absolutamente necessário, porque o senhor Silvestre se dedicara quase em absoluto às vendas e aos negócios, sem mãos a medir já para as máquinas que ia vendendo em tudo o que era instalação do novo governo.
A autonomia implantara-se, com assembleia parlamentar e tudo, coisa fina, de política séria, e uma colecção de deputados a viverem a experiência de se sentarem à esquerda ou à direita como viam nos filmes ou leram em cursos acelerados de política.
- Gerardo, o duplicador do Partido está a jogar tinta por quanto é lado. O presidente está furioso. Deixe tudo o que está a fazer e corra lá.
- Mas qual é o modelo? Tenho de preparar as peças.
- Vamos, rápido, pergunta aí ao Rui.
O Rui pegou no ficheiro. N, O, P… procurou Partido e nada, mexeu com os dedos na parte superior das fichas de cartão, antes e depois do P… e nada.
- Então, Rui, olha que o Silvestre se chateia se não arranco já.
- Espera mais um pouco, que não encontro a ficha desse cliente. No P, não há nada.
- Isso, procura melhor, eu entretanto vou à rua fumar e já volto.
Rui procurou sobre a secretária, vasculhando os papéis à direita e à esquerda, documentos que ficavam à espera de serem tratados ou do arquivamento. Estava quase a entrar em desespero e decidiu procurar letra a letra, ficha a ficha, aquela poderia estar fora da mãe. Nova desilusão. Aborrecia-o ter que perguntar ao senhor Silvestre se ainda se recordava do modelo que tinha vendido para o Partido, até porque ele haveria de perguntar pela ficha que tinha voado dali para fora. Que chatice…
O senhor Sousa, o chefe de escritório, deu-se conta de desespero:
- Que se passa, Rui? Parece uma mosca aí à volta do prato, que procura?
- A ficha do Partido. Vendemos um duplicador para lá e não aparece a ficha.
- Vai aparecer, o Gerardo que vá lá, tenha paciência e leve as peças de três ou quatro modelos. Se for necessário voltar lá, que volte.
Palavra de chefe era descanso. Com ele, nunca o patrão levantava a voz; tinham os seus segredos.
Quando o Gerardo regressou, dirigiu-se de imediato ao colega:
- Não procures mais, Rui, vai à ficha da Assembleia.
- Explica-me.
- É esse o duplicador.
Rui continuava a não perceber:
- Mas foste à Assembleia?
- Não; ao Partido.

domingo, 5 de agosto de 2007

Ficha 1

1

- Posso então ver os fotocopiadores?
O presidente da câmara de uma freguesia do Norte da Ilha, ele próprio se encarregava da compra do equipamento.
- Talvez não tenha confiança nos funcionários – alvitrou Rui, o empregado de escritório mais jovem da empresa, aliás só havia dois: o senhor Sousa, e o Rui. Aquele viera de Moçambique, na leva dos retornados. Era o braço direito, e o esquerdo também, do senhor Silvestre, que era o patrão. Este não passava de um técnico-vendedor, ou vice-versa, não interessa ao caso, a quem uma grande empresa, analisando as condições de um mercado regional que prometia, com a abertura de escolas e instalação de órgão de governo da ilha, ofereceu dez por cento de quota para a instalação de uma empresa neste cantinho. O senhor Silvestre encarregava-se das vendas, saindo logo pela manhã com a pasta negra inchada de catálogos de fotocopiadores, máquinas de offset e duplicadores. Havia para todos os gostos e preços. Fotocopiadores baratinhos a líquido e outros, o dobro do preço a toner, duplicadores pequenos próprios para copiar comunicados de paróquias, partidos ou movimentos políticos e outros maiores, que uma secretaria governativa não desdenharia.
O homem conhecia já as novas tecnologias, sim senhor. Questionava as possibilidades, cofiava o bigode, sorria, perguntava preços. Tornava-se evidente que o senhor Silvestre já tinha andado no Norte a distribuir catálogos e a falar da vantagem da compra naquela empresa.
- Talvez este mais pequeno e barato sirva para os vossos serviços – apostou o senhor Silvestre, levantando a tampa da máquina e mostrando o vidro, enquanto volteava a resma de papel, para que as folhas se soltassem, evitando, assim, a humilhação do fracasso. O diabo era mesmo quando as folhas prendiam no interior da máquina, no momento da venda. – É uma câmara pequena (não é?), depois se o serviço aumentar, o senhor presidente compra outra. Vem cá e nós retomamos essa. Está tudo preparado.
O presidente cofiou o bigode, sorriu e perguntou:
- Qual é o mais caro?
O senhor Silvestre sorriu gloriosamente e apontou-lhe o último modelo a toner – uma máquina japonesa grande, brilhante, sedutora.
- Vai esse mesmo – e piscou os olhos ambiciosos.
- Tratem da guia de remessa. - ordenou o patrão, enquanto saía da loja com o presidente, para discutirem negócios.
Rui olhou para o senhor Sousa, estupefacto:
- Nem perguntou se era a melhor, as características…
- Para quê? – sorriu trocista e manhoso o homem experiente – Trata é da guia de remessa. E não te esqueças de guardar a cópia do valor de intermediário na pasta. São dez por cento.

As fichas do Rui

Rui é uma personagem do meu primeiro romance, ao qual darei, em princípio, o título de Mónica. A acção passa-se na Madeira, nos anos que se seguiram ao 25 de Abril. Numa primeira revisão, decidi retirar algumas passagens, ou pelo menos transformá-las, expurgando alguns momentos de menor literariedade. Custa-me, porém, mandá-las para o caixote do lixo e então prefiro guardá-las nestá espécie de diário em que vou tornando este blog.
Rui não pretendia continuar ligado àquela gente. Fartara-se. Respondeu a um anúncio no Diário de Notícias local e empregou-se numa empresa que comercializava duplicadores e máquinas de fotocópia. No fundo, mantinha-se numa área próxima do trabalho anterior, embora como escriturário. Formou rapidamente uma opinião sobre as maiores motivações autonomistas. Pensou em fotocopiar algumas provas da corrupção a que assistia, mas desistiu da ideia, quando o seu chefe o apanhou em flagrante nessa tarefa. Inventou uma desculpa, mas o senhor Sousa, no dia seguinte, chegou com uma conversa sobre a confiança nas empresas, afirmando que o mundo dos negócios gera muitas ilegalidades, um mal generalizado, mas menor, já que toda a gente fazia por enganar o Estado, tonto seria quem o não fizesse. Manter os segredos na empresa seria um dever de lealdade de todos os funcionários. Então passou a escrever, ao final do dia, numa velha máquina, o que chamava o seu ficheiro, umas fichas numeradas, onde registava em tom narrativo as experiências por que passava. Luísa viu-o debruçado sobre a máquina, escrevendo a ficha 5.
- Para que é isso?
- Para não me esquecer. Está descansada, que não denunciarei os teus amigos.
- Meus amigos, quais?
- Os laranjas, ora quem haveria de ser? Esses fulanos que de dia são apoiantes do governo autonómico e à noite colocam bombas e pintam paredes de azul e amarelo, o Cristiano e os outros, esses que ganham as eleições metendo medo ao povo com o papão do comunismo, mas não dizem a verdadeira razão por que querem o poder, nem eles nem os padres que os apoiam, pedindo nas igrejas que votem no partido das setinhas apontando para o céu. Vê como colaboram no Jornal da Madeira. Sabes, desconfio que escrevem nessas folhas de beatas os mesmos que à noite gatafunham o Zarco, esse pasquim ascoroso dos flamistas.
- Rui, estás a tornar-te mais radical que o próprio Mário. Agora és esquerdista?
- Não, não quero saber de partidos, mas começo a enojar-me com toda esta hipocrisia.
Luísa passou-lhe a mão pela cabeça, acalmando-o, pegou nas folhas e leu:
(continua...)

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Frases de bolso do discurso totalitário

O Rali Vinho Madeira pertence a todos os madeirenses!

O Carnaval é obra de todos os madeirenses!

As pombinhas no ar são um sinal de que todos os madeirenses desejam a paz no Mundo!

Madeirenses, acendam as luzinhas no Fim do Ano. Transformemos o nosso anfiteatro no grande postal da Madeira!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

FUNCHAL

amo o outono nesta cidade
as pequenas casas de todas as cores
os campos de vinhas e cana de açúcar os pomares entre maio e agosto

dizes:

eis a tua cidade
a de zarco e colombo
as ruas tão inclinadas como o sol dos invernos profundos
os carros de cestos os caminhantes da encumeada.


eis-te no centro de tudo e os navios parados.


amo o outono nesta cidade com todas as viagens sem chegada.
na véspera já amara as verdes montanhas de leste
as chuvas abundantes
machico entre os seios de ana d'arfert.

depois voltei para sul e amei-te quando cantavas.

séculos antes navegadores de portugal deram-te um nome e era funchal.
depois queimaram as árvores e o mais alto incêndio era uma ilha.
escravos errantes pararam o sol e à volta serenamente e com paixão
espalharam o verde e o azul.

nunca cantaram o bailinho.

hoje
solitários e ébrios trabalham a pedra a beleza a FOME e o TURISMO.

tu
envolta nas lendas e no sonho surgiste devagar e devagar
deste-me os mais belos frutos e os mais estranhos
as pitangas os araçás os maracujás e as romãs da primeira primavera.

eras mulher e quis chamar-te joana d'arc no outono de uma
cidade surpreendida.

foi então que vi a morte aproximar-se vinda do horizonte e cobrir o
pôr do sol das tuas tardes

vi morrerem a água a luz a leve sombra da palidez da tua fronte
vi as aves marítimas seguirem para longe em voo raso

e pela última vez
definitivamente só

eu amei o outono nesta cidade.

José Agostinho Baptista, in deste lado onde

terça-feira, 31 de julho de 2007

Ainda o Congresso do PS-Madeira

Partidos presentes no Congresso do PS e muitos comentadores, para além em jornalistas de carteira, repetem-se uns aos outros que o Congresso nada trouxe de novo, que o discurso do líder não indiciou novidades ou propostas. Se quem lá não esteve só fala do que lhe dizem, quanto aos que estiveram presentes, pretendem desvirtuar a verdade, omitindo as propostas lançadas por João Carlos Gouveia. Eis algumas:

a) Proporemos então a criação e instalação de um Departamento e Investigação e Acção Penal (DIAP), como instrumento que optimize a prestação do Ministério Público, em termos de investigação criminal. A criação dessa organização deve ser seguida pelo reforço do quadro de magistrados e funcionários do Ministério Público, dos equipamentos, das respostas dos órgãos de polícia criminal e sua articulação com o Ministério Público. A reforma da investigação criminal na Madeira é desejada pelos cidadãos, exigida pela justiça social e é essencial ao desenvolvimento económico da Madeira. As nossas propostas implicarão a transparência de todos os actos públicos, procurando a legalidade dos actos administrativos do Governo Regional e das câmaras municipais. Só com esta transparência se conseguirá a igualdade de todos os cidadãos nas suas relações com os órgãos de poder na nossa Região;

b) O PS-Madeira propõe um complemento de insularidade mensal para os funcionários públicos. Se o Governo Regional entendeu propor ao Governo da República um complemento de 30% para os funcionários que integram as diversas forças de segurança, por conta da insularidade – 30% que é equivalente ao subsídio de dupla insularidade que auferem os funcionários públicos no Porto Santo -, o PS - Madeira propõe um complemento de insularidade de 15% para todos os funcionários públicos. Naturalmente esta percentagem será uma referência para as futuras contratualizações nas restantes áreas profissionais. Esta medida irá trazer um novo alento à economia regional, especialmente ao comércio, onde quase diariamente se registam falências, devido à gradual diminuição do poder de compra dos madeirenses. Estas falências vêm provocando um aumento assustador do número de desempregados na nossa Região, que é preciso impedir rapidamente;

c) O PS-Madeira há muito que vem alertando para a necessidade de um diferente conceito de desenvolvimento, assente nas pessoas, na sua formação e qualificação. Por isso, apostamos numa qualificação das pessoas assente nas novas tecnologias;

d) O PS-Madeira apostará fortemente na defesa do património natural. Se alguns cidadãos ainda não se consciencializaram da importância da valorização do património natural, do ponto de vista da qualidade devida, mas também na mais-valia que representa para um turismo de qualidade, assiste-se já ao recrudescimento de movimentos de opinião para a defesa da Natureza, contra os atentados ambientais e contra as construções e modificações que adulteram o nosso património natural. Infelizmente foi preciso que a crise se começasse a manifestar no Turismo para que algumas entidades desta área comecem a ganhar espírito crítico em relação ao que durante muitos anos fomos nomeando de desenvolvimento baseado no betão;

e) O PS-Madeira irá propor a Revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, mas uma revisão minimalista, adequando o texto às mudanças constitucionais entretanto verificadas, como é o caso da substituição da figura de Ministro da República pela de Representante da República, mas sobretudo tendo em conta o ponto referente às incompatibilidades, de modo a impedir a obscena situação de vermos alguns eleitos a decidirem em proveito dos seus próprios interesses, que sobrepõem ao interesse público, desonrando, deste modo, a sua função política;

f) O PS-Madeira lutará pela libertação dos funcionários públicos, para que deixem de ser funcionários do Governo, assumindo a grandeza pública da sua função não partidária:

g) O PS-Madeira bater-se-á, nos diferentes concelhos, pelo respeito pelos PDM, ainda que estes devam ser revistos e actualizados. Indicia crime ou favorecimento invocar-se interesse público para o desrespeito destes planos municipais;

h) Se os territórios da Madeira e Porto Santo são espaços limitados, a Região Autónoma possui um imenso espaço marítimo, fonte de enormes recursos económicos, que é preciso potenciar. Por isso defendemos uma aposta efectiva na investigação dos recursos marinhos e de todas as potencialidades do mar.

i) O PS-Madeira entende que a Cultura nunca teve o lugar que merecia na orgânica e nas políticas do Governo Regional,que misturou Cultura com Turismo, num “coktail” de iniciativas “para inglês ver”, importada ou pretensamente etnográfica. Só o Governo saído das eleições antecipadas juntou Cultura a Educação, mas não acreditamos que essa inflexão altere a situação que se tem vivido nesta área, onde a qualidade dos projectos se tem vergado ao avassalador predomínio da ideologia totalitária do regime. As instituições culturais têm vivido numa subsidiodependência de migalhas do orçamento, em detrimento de produções pseudo-culturais idealizadas e organizadas pelo próprio poder regional. Grande parte das verbas do orçamento regional para a cultura beneficiou sobretudo os construtores civis, que ergueram grandes edifícios, alguns deles autênticos atentados a pequenas localidades, sem utilização efectiva, sem entidades que promovam um mínimo sinal de programação cultural. O PS-Madeira saberá incentivar a cultura da nossa terra, respeitando a grandeza dos projectos artísticos.

j) O PS-Madeira preocupa-se com o empobrecimento da classe média; com o acentuar das desigualdades sociais; com o desemprego crescente; com o endividamento das famílias e, por isso, entende que também no âmbito da fiscalidade deverão ser tomadas medidas que promovam o emprego, a solidariedade e a justiça social.

l) O PS-Madeira entende que o apoio ao Desporto significa o apoio à qualidade de vida dos nossos cidadãos, mas defende que o orçamento público deve ser destinado ao desporto amador, já que o desporto profissional deve ser entendido como uma indústria, a qual deve subsistir com os mecanismos próprios de qualquer actividade económica.

XIII Congresso do PS-Madeira

Partidos e comentaristas estranham que o novo líder do PS-Madeira tenha condenado algumas políticas do Governo da República no seu discurso de Sábado e depois o congresso tenha, no Domingo, aplaudido Augusto Santos Silva. Não compreendem naturalmente que o PS (no seu todo) é um partido livre, onde os seus militantes exercem o seu direito de opinião. Não compreendem (também é legítimo, cada qual compreende o que pode, de acordo com as suas capacidades e vontade) que o conceito de Autonomia do PS é distinto do do PSD que se foi disseminando pelas cabecinhas pensadoras. A Autonomia defendida pelo PS não é contra: nem contra o Continente, nem contra os restantes portugueses, nem contra a República, como certo órgão de como o DN do Calisto titulou. Não perceberam ainda que um partido de homens livres deve ser mais vigilante e mais crítico quando está no Poder?
O socialista Augusto Santos Silva foi aplaudido porque soube denunciar muito claramente o que pretendia Marques Mendes vindo ao Chão da Lagoa e porque, tal como a generalidade dos congressitas, denunciou a vertente anti-democrática do presidente do Governo Regional.
Augusto Santos Silva veio ao congresso como dirigente do PS e não como ministro, mas se, por acaso, tivesse vindo como membro do Governo da República teria sido aplaudido de igual modo.

Trauliteiros

Marques Mendes disse que o ministro Augusto Santos Silva era trauliteiro.
Vejam bem: ele tinha de um lado Alberto João Jardim e do outro Jaime Ramos, e disse que Augusto Santos Silva era trauliteiro.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

E todos engolem?

Primeiro, o Governo Regional da Madeira suspendeu a aplicação do diploma enquanto o Tribunal Constitucional não se pronunciar sobre ela (lei) (14/7);
depois o problema passou a ser, segundo AJJ, uma questão de moral:"Quem está na ilegalidade é este país [Portugal], que atenta contra a vida humana e que não respeita princípios essenciais", disse Alberto João Jardim ao ser confrontado pela comunicação social com acusações de vários quadrantes de que a Madeira estava na "ilegalidade" ao não aplicar a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). ... "Na minha formação política, primeiro estão os grandes princípios da defesa da pessoa humana e só depois está o positivismo da lei escrita", declarou hoje Alberto João Jardim. (16/7);
Finalmente, acossados pelas críticas regionais e nacionais de que o Governo Regional não poderia impedir a aplicação duma lei nacional, para os homens do PSD-Madeira o problema passou a ser financeiro: Em seguida, o deputado do PSD eleito pela Madeira Guilherme Silva respondeu às críticas da esquerda."Naturalmente que as leis da República são para ser observadas em todo o espaço nacional mas o Governo e a maioria têm de responder a duas questões", considerou Guilherme Silva.O deputado do PSD perguntou, em primeiro lugar, "porque não se lembrou o Governo de dotar as regiões autónomas dos meios financeiros necessários" quando a despenalização da IVG até às dez semanas foi aprovada em referendo. (18/7) - As datas são do tratamento jornalístico no DN.
Entretanto, todos viram, ouviram e leram a defesa inicial de que se os madeirenses tinham votado maioritariamente"não" à lei sobre a IVG, o Poder regional tinha legitimidade para não aplicar a lei à Região, como se eu, que não voto PSD, pudesse deixar de cumprir as leis que me são impostas pelos governos desse partido. Ou então, melhor, a verdade: a tendência separatista deita a cabeça de fora, depois faz zigue-zague, como sempre. O secretário regional da tutela já não sabe o que diz para desembrulhar a meada, procurando que as suas palavras sejam idênticas à do chefe, pois claro.
Marques Mendes, que se prepara para o passeio, finge que não se apercebe da deriva.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Nervos à flor da pele

Com o aproximar do Congresso do PS-M, aumenta a expectativa sobre o futuro do PS-M, porque toda a gente sabe que João Carlos Gouveia há-de imprimir um outro ritmo e outra política à oposição. Enervam-se os homens do Poder, dizendo que não será este o líder ideal e geralmente apontando quem melhor serviria, mais ou menos como se os socialistas começassem a dizer que o futuro líder do PSD-M deveria ser Virgílio Pereira. Depois nota-se a angústia dos socialistas do costume, não cansados ainda de trinta e tal anos de oposição raquítica. Restam os cidadãos sedentos de mudança, que aguardam com algum entusiasmo os tempos que se avizinham, e que já se habituaram a reconhecer a coragem e a determinação do novo líder do PS-M.

terça-feira, 24 de julho de 2007

O jardinismo é um salazarismo

Com a devida vénia, retiro do blog Esquerda Republicana:

Sexta-feira, Julho 20, 2007
O jardinismo é um salazarismo
Eu sempre achei que sim. No Portugal dos Pequeninos, implica-se isso mesmo:

«Gostava que fosse possível desenvolver um pensamento institucional neo-salazarista, sem complexos e sem os melros do costume. Quanto a partidos, os que existem, chegam e sobram, embora preferisse uma espécie de "UMP" portuguesa que substituisse toda a direita actualmente visível e sempre em bicos dos pés. (...) A rever-me nalguma coisa, só no PSD-Madeira que, infelizmente, não é transponível para este quadrado».

O que distingue Jardim dos seus antepassados ideológicos é estar condicionado por um regime democrático. Todavia, tem testado os limites e equilíbrios da democracia e do Estado de Direito muito para além do que se considera aceitável na Europa a oeste de Varsóvia. Em certas ocasiões, não se tem sequer coibido de intimidar adversários políticos.
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Um artigo de Ricardo Alves

Manipular informação

Não assisti in loco ao debate desta manhã na Assembleia Legislativa da Madeira, e só falo do que ouvi na RDP, que apresentou uma discussão entre Edgar Silva e Jaime Ramos como um momento em que o debate se deu com "linguagem muito baixa". Seguidamente, o repórter deu as falas dos dois deputados. Edgar Silva, em linguagem corrente, sem abusos, sem indelicadeza, falou dos negócios de Jaime Ramos. Fez a sua leitura política da não existência de uma lei das incompatibilidades. Jaime Ramos acusou o seu interlocutor de ter roubado as igrejas e apelidou-o de "chulo". Só Jaime Ramos foi boçal e indecoroso, no entanto, mais uma vez, quem ouça inadvertidamente a informação colocará Jaime Ramos e Edgar Silva no mesmo saco. Como estratégia do PSD poderá ter a sua lógica, como informação paga pelo erário público, se não é incompetência significa a colagem à estratégia do PSD de encobrir a mediocridade intelectual do líder parlamentar da sua bancada, para além da falta de respeito por todos os que ousam ter opiniões divergentes.
Ah, este uso da informação é repetitivo e é sintoma do totalitarismo vigente.