Mais uma vez, algumas palavras sobre um clube de jornalistas:
Na semana passada, o programa “Dossier de Imprensa”da RTP-Madeira debateu a entrevista de João Carlos Gouveia ao “Grande Plano”. Dos comentários, ficou patente, sobretudo, a execrável falta de respeito de António Jorge Pinto, ao falar de “aborto”. Os seus comentários biliosos e ofensivos deverão ter muito a ver com o facto de João Carlos Gouveia e o PS-Madeira ter colocado a corrupção na ordem do dia, afirmando que ela é estruturante do regime totalitário em que vivemos. Dadas as ligações ou simpatias políticas que Pinto tem com um presidente de Câmara alvo de inquéritos sobre legalidades de muitos procedimentos, é natural a inquietação mas imprópria a alegação.
Convém mesmo olhar bem para a falta de independência dos jornalistas do painel, para verificarmos como a entrevista de João Carlos Gouveia, reafirmando a necessidade de combater o regime, para bem compreender a jactância pretensiosa com que debitaram as suas análises:
- o pivot Roquelino é homem do regime, simpatizante convicto;
- o Marsílio Aguiar escreve no Jornal da Madeira, jornal do regime;
- o Ricardo Oliveira escreve num jornal pretensamente independente, que tem como executivo do Conselho de Gerência um simpatizante do regime e como director um homem que sempre alinhou ao lado da autonomia de pendor separatista;
- o Nicolau Fernandez é um simpatizante do Partido Comunista, logo alguém que vê o PS como adversário directo para que o PC mantenha o seu espaço eleitoral;
- o António Jorge Pinto é o que se sabe.
O que eles fizeram no programa foi defender o regime, branqueando-o. Mais um grupo de comentaristas do género dos que entendem que AJJ é “peculiar”, com um “estilo muito próprio”. De vez em quando alguns deles até dizem que há algumas insuficiências democráticas, e tal, mas sempre legitimando o totalitarismo. Por isso é que o regime é totalitário, por os jornalistas defenderem o “grande líder”, por repetirem a voz do “chefe”, a voz do “chefe”, a voz do “chefe”.
Depois, ao ironizarem com “a bandeira” ou com o “João Carlos Gouveia pensar que ainda vive no tempo da Flama, das bombas”, só mostram como são facciosos, pois João Carlos Gouveia vem afirmando bem alto que já não vivemos no tempo em que a independência é defendida pelas bombas, mas pela palavra. Exactamente pela palavra. A dificuldade interpretativa destes jornalistas não pode justificar a cegueira com que lidam com um poder que, obedecendo ao ideal separatista, vem conduzindo a Madeira para um beco cada vez mais estreito.
Com um jornalismo assim, estaríamos condenados a mais trinta de poder totalitário, se não se erguessem agora vozes que denunciam bem alto o lugar para onde nos querem conduzir.