quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Fechemos os olhos, fechemos os olhos

O que acontece com os números da pobreza na Madeira segue o princípio de disfarçar os reais problemas da nossa Região, para que ela continue a ser percebida como um oásis deste País. Já foi assim quando foi denunciado o fenómeno da pedofilia - a denuncia foi entendida como ataque à Madeira ou a Câmara de Lobos, de modo mais particular. É assim quando se denuncia a iliteracia, o elevado índice de alcoolismo, a proliferação da droga, o aumento do desemprego ou o crescente fenómeno emigratório. Mostrar o que vai mal significa, para o Poder, atacar a Madeira e os madeirenses. Melhor será andar de olhos fechados, ou olhar para o lado.
Para muitos, a criminalidade é normal, apesar de tudo. A semana passada ouvi uma gritaria ali no Largo de São Paulo e dois matulões passaram ao meu lado em corrida desenfreada. Pouco depois, umas mulheres em corrida antecediam, tentando a perseguição, um turista que vinha resfolegando. Os matulões tinham acabado de roubar a carteira ao infeliz turista, que esfregava a cabeça. Só depois percebi o motivo pelo qual ele a esfregava desesperadamente: tentava perceber se o que lhe acontecia era real ou apenas um fenómeno psicológico.

1 comentário:

Anónimo disse...

ainda há continentais que alegam que os madeirenses não dão a conhecer a "suas realidades". desenhos?! com legendas?!