sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um figurante

As personagens principais são aquelas à volta das quais a acção se desenrola, em mundo ficcionado. As personagens secundárias assumem uma função menor, ainda que sejam importantes para dar a ambiência, o espaço social, digamos. Estas são considerações óbvias, que todos sabem, da escolaridade obrigatória.
Sem ter conseguido impedir o esvaziamento do seu concelho e da vila vicentina em relação às dinâmicas económicas e sociais da Madeira, o presidente da Câmara de São Vicente tem assumido o seu papel de personagem secundária.
O edil especializou-se em organizador de festas onde o álcool é rei e ele próprio pode brincar madrugada dentro, chegando a dar novos nomes a largos, como "praça da poncha". Entretanto, fora da folia, São Vicente vai-se definhando e se tornando vila fantasma após as avé-marias.
Para mostrar serviço, o autarca vai tentando agradar às personagens principais do seu partido, assumindo posturas pseudamente regionalistas mas, de facto, mesquinhas como é o caso triste da recusa do hino nacional, em cerimónia concelhia.
Os meses vão passando e as eleições aproximam-se. Uma personagem secundária necessita de ganhar visibilidade, se anseia a manutenção do seu estatuto camarário. Precisa de escolher bem o seu papel. Que fez o edil? Escolheu tornar-se em protagonista? Pelo contrário.
O pseudo-regionalista, logo que viu uma embaixada de telenovela vinda de Lisboa, animou-se e deve ter pensado que chegara a hora de mostrar o que valia.
Os realizadores da telenovela precisavam de figurantes, de figuras que passam de um lado para outro, figuras que estão e se deixam estar no seu lugarzinho, calados, sem voz.
Se estava em São Vicente, normal seria que o realizador da novela pensasse em fazer uma festa, e se era festa a coisa animava, pois claro, contassem com ele.
Nas festas a sério, sai a procissão, com os senhores da terra andando a compasso, e o senhor presidente da Câmara passando com seu ar mais sério.
Festa é festa, mesmo que em novela, e o presidente da Câmara de São Vicente lá saiu na procissão a brincar, com seu ar mais sério, no seu pequeno, pequenino papel de figurante.
São Vicente não merecia isto: que o seu presidente de Cãmara não se desse ao respeito e desprestigiasse o seu cargo e a sua terra como figurante de telenovela em passo de procissão. São Vicente não vale mais?

3 comentários:

Alexandro Pestana - www.miradouro.pt disse...

hahaha. Fiesta e macarrão é com os PSDs de São Vicente... Muita borga e o povo que se lixe...

Há um "clube de tiro" nos Lameiros cuja joia é 2500eur e recebe 800 eur por mês da Câmara e não fazem nenhuma actividade, só macarrão pra elite do pê-pê-deia. É só festa à conta dos contribuintes do concelho...

Anónimo disse...

Então, Professor, não escreve nada sobre as traições dentro da Direcção do PS/M?
De que é que estavam à espera? Não foi assim com o Cardoso e com o Jacinto?
O Vitinho queima todos para que um dia chegue a oportunidade dele.
Acredite que vai ser desta, embora ainda tenha que se livrar do Max.
O seu amigo líder precisa de conselho: abandone o partido já, porque ainda está a tempo de evitar as maiores derrotas eleitorais de sempre do PS/Madeira!

Anónimo disse...

Afinal, Professor Agostinho Soares, admito que o conselho que dei ao líder do PS-M de se demitir não foi ajuizado. Reconheço com toda a humildade o meu erro.
Errei porque não coloquei a hipótese de João Carlos Gouveia ter na sua posse argumentos suficientes para pôr o Fartinho e o Cabeça-de-Ovo na travessia do deserto político.
Da sua coragem para os enfrentar nunca duvidei porque ele sempre deu provas de grande arrojo, que levou inclusivamente alguns adversários políticos a considerarem-no louco...
Agora que, finalmente, João Carlos Gouveia e Agostinho Soares vão assumir a condução exclusiva dos destinos do PS-Madeira, resta-me desejar-lhes muitas felicidades! Viva o Novo PS-Madeira!